Participação em Congresso

XVII Congresso Brasileiro de Arquivologia- 4° dia.

Hoje, acordei não tão cedo. Já estou ficando cansada. Gostaria que as discussões avançassem mais, ou pelo menos além da defesa territorial das áreas de conhecimentos. Na realidade, estou me sentindo em plena Idade Média, com cada senhor feudal defendendo seu feudo. Pena que a defesa se faz apenas em relação à Biblioteconomia, pois, nos arquivos, trabalham todos os tipos de profissionais, dos veterinários aos astrofísicos, menos arquivistas; salvo algumas exceções. Na realidade, no primeiro dia do encontro, vi uma Socióloga, que trabalha em determinado arquivo, e afirmou que “não precisa ser formado em Arquivologia para trabalhar em Arquivo, basta apenas um treinamento que a gente faz o trabalho”.

Em relação a esses profissionais parece não se fazer nada; pelo contrário, quer apenas que eles paguem a anuidade. Na realidade, parece ser o que interessa mesmo. Desde que não seja bibliotecário, pode-se trabalhar em arquivos. Mas, breve.Como disse um dos palestrantes, realmente, a Biblioteconomia sabe como fazer, até lei para que em cada escola tenha uma biblioteca e nela um bibliotecário eles conseguiram! Ponto pra nós (risos).

A primeira palestra assistida intitulava-se “Preservação e acesso da informação arquivística no Brasil contemporâneo: da produção de conhecimento à sua implementação”, do Prof. Sérgio Conde de Albite Silva (UFRJ). Nesta palestra, a questão central girou em torno das seguintes perguntas: “os estudos da Arquivologia interessam? O que as instituições arquivísticas precisam?” Um norte da resposta seria que a preservação e o acesso aos arquivos está condicionado ao diálogo entre a universidade e as instituições arquivísticas.

Criamos o primeiro Curso de Mestrado Profissional em Arquivologiaque tem por objetivo formar mestres qualificados em instituições de arquivo, atendendo à necessidade social.

Um congresso é um lugar de correr riscos e tentar mudar. As pesquisas têm que ser produzidas em maior quantidade e qualidade, mas deve-se também revisar as pesquisas já feitas. Há muito mais coisas que nos aproxima do que nos separa.

Já a professora Míriam Paula Manini, da Universidade de Brasília, palestrou sobre “As ações de preservação nos arquivos e o ensino de preservação nas universidades”, e abordou o ensino de preservação na UNB, que está na discplina de “Conservação e Restauração de Acervos”. É uma disciplina obrigatória também para o Curso de Museologia, mas não para a Biblioteconomia. Nesta disciplina também se tem estudantes de outros cursos, tais como de História, Sociologia, Artes Plásticas e Comunicação (além de Medicina, Turismo e Ciências Contábeis). A disciplina visa a fomentar a criatividade e o lúdico. Utiliza recursos didáticos como tv, som, etc. Tem aulas expositivas, aulas técnicas de prática de acondicionamento de acervo. Palestras de especialistas convidados e viagens de estudo. Exibição de filmes, datashow, internet combinando com aulas nas redes sociais, as quais têm sido prolíficas. Temos aulas armazenadas no facebook. As TICs, as transformações das relações conduzem a novas concepções metodológicas na academia e o educador é o ampliador do debate.

A UNESCO aponta para quatro competências básicas: aprender a ser, a conviver, a fazer, a aprender e a conhecer. Imaginação e ciência são complementares. No século XXI não se pode separar cultura científica da cultura das humanidades. Os educadores têm que reinventar os processos. A palavra de ação para a educação é a criatividade e isso tem que ser feito dentro da interdisciplinaridade, que, quando bem sucedida, se torna transdisciplinaridade. Tem que se conhecer a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. A interdisciplinaridade está dentro da proposta de redesenho curricular da UNB, que enfoca na transdisciplinaridade, baseada em Darcy Ribeiro.

O que fazer em sala de aula com o assédio das TICs? O educador precisa ser um hipertexto, pois hoje os alunos estão em sala de aula conectados na rede. Se é para a transdisciplinaridade que se caminha, pode-se caminhar para essa fase reunindo a tecnologia, a qual potencializará o ensino e a transdisciplinaridade real é sólida integração entre os estudantes.

Depois destas palestras resolvi ir à Biblioteca Nacional e conhecer seus arredores. Chegando lá participei da visita guiada junto com uma colega do congresso que é arquivista da UFAM. Depois, conheci um grupo e fomos a alguns lugares da cidade, dentre eles, a Confeitaria Colombo, a qual é, realmente, maravilhosa. Vale a pena. Na realidade, fui com uma colega da UEL e quem nos levou lá foi um contemrrâneo e nos conhecemos, os três, ali, na entrada da BN. Foi uma tarde maravilhosa. Depois da Confeitaria Colombo, Lidiane e eu fomos ao Teatro Glauce Rocha, onde estava tendo uma exposição sobre Nelson Rodrigues; depois fomos ao Centro Cultural da Justiça, onde estava tendo uma exposição “É o bicho na cabeça: geleia da rocinha”; e, no mesmo local, assistimos a peça Matamouros e a exposição “Capturas” de René Machado.